O mercado de trabalho nos games mobile: Quick Turtle - I Parte.
- Márcio Botelho
- 25 de out. de 2017
- 2 min de leitura
A QuickTurtle.co.,ltd é uma pequena desenvolvedora da Coréia do Sul que faz jogos para dispositivos mobile. Os gráficos e os efeitos sonoros são inspirados nos videogames da geração 8bits, como o NES, o que a princípio encontramos aos montes nas lojas de aplicativos para Android e IOS.

O que faz com que os jogos dessa serelepe tartaruguinha se destaquem não são as especificações técnicas, mas sim sua capacidade de gerar humor para o público adulto através de críticas ácidas ao mercado de trabalho.
Não seja demitido: por favor passe no RH ao final do expediente.
O aplicativo que projetou a empresa no mercado mundial de jogos para dispositivos mobile foi o simples, porém sensacional, Não seja demitido (2015), no qual se cria uma desesperadora, e ao mesmo tempo precisa, simulação do mercado de trabalho nos escritórios de uma grande metrópole.
O protagonista do jogo é um jovem que acabou de se formar na universidade e está em busca da inserção no mercado de trabalho. O drama se inicia na entrevista de emprego. O personagem falhará inúmeras vezes sem motivo algum, o que levará o jogador a ter de reiniciar o processo algumas vezes até ser empregado. Sendo admitido, as agruras do estagiário estão apenas começando.

Tudo pode levar o personagem a ser demitido. Absolutamente TUDO. Trabalhar pouco o faz ser demitido por ineficiência. Trabalhar muito faz com que as atividades na empresa acabem e que ele não seja mais necessário. Respeitar os chefes faz você ser visto como submisso. Ser independente te coloca na posição de ameaça para os gerentes. Cada demissão é mais estapafúrdia que a outra e gera no jogador um misto de riso e frustração.
Depois de algum tempo o jogador acaba por pegar o jeito e passa a resistir na empresa e até mesmo a progredir dentro da hierarquia. O salário aumenta progressivamente, assim como a degeneração física do personagem (que vai se tornando careca, gordo e dono de olheiras profundas) e a sua capacidade de se tornar um gerente essencialmente escroto e que abusa da boa vontade de seus empregados.
Mesmo que se torne um dos CEO da empresa a sensação kafkiana não deixa de estar presente, pois nunca sabemos aquilo que está sendo produzido. Uma alienação completa e que serve para ressaltar a completa loucura de um ritmo de trabalho incessante e na qual o trabalhador não consegue se enxergar naquilo que produz.
Prós
- Identidade visual retrô
- Humor negro da melhor qualidade
- Casual, mas que permite o aprendizado dos jogadores
Contras
- Trilho sonora cansativa
- Fator sorte elevado
Veredito
Não seja demitido arrancam boas risadas dos jogadores, em especial quando jogados a caminho do trabalho e podem te deixar um tanto deprimido ao perceber que às vezes a vida é mais sádica que a ficção.
Nota: 8
Márcio Botelho é colaborador do Caderno sem Pauta.

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